Segundo a Polícia Civil, outras duas pessoas também foram indiciadas por participação no crime. Dayara Talissa Fernandes da Cruz, de 21 anos, sumiu em março e teve ossada encontrada meses depois.
A Polícia Civil indiciou o empresário Paulo Antônio Herberto Bianchini, de 34 anos, por homicídio qualificado pelo motivo fútil, dissimulação, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Ele é investigado por matar Dayara Talissa Fernandes da Cruz, de 21 anos, em Orizona, no sul de Goiás. Segundo o delegado Kennet Carvalho, outras duas pessoas também foram indiciadas por participação no crime.
Carvalho informou que um funcionário de 19 anos de Paulo foi indiciado por ocultação de cadáver e fraude. Também disse que uma mulher de 40 anos, que não tem parentesco com o investigado, foi indiciada por fraude.
As investigações indicaram que Dayara esteve com Paulo Bianchini em uma fazenda da cidade entre o final de fevereiro e 10 de março. A ossada da jovem foi encontrada enterrada no mesmo local.
A Polícia Civil informou que Paulo Bianchini está preso desde 1º de julho, com a prisão temporária convertida em preventiva. O delegado relatou que os dois outros envolvidos no crime não estão presos.
O delegado afirmou que as investigações concluíram que o crime foi motivado por violência de gênero e por uma alegação de prejuízo financeiro de R$ 86 mil que a vítima teria causado ao empresário.
“A motivação é o feminicídio, ou seja, violência de gênero. Além disso, uma segunda motivação que nós levantamos é um alegado prejuízo financeiro de R$ 86 mil que a vítima teria causado ao empresário”, afirmou o delegado.
A defesa de Paulo Bianchini afirmou que ele é réu primário, com bons antecedentes e residência fixa, tendo colaborado voluntariamente com as investigações. Alegou também que os depoimentos indicam uma fatalidade, sem provas conclusivas de dolo.
Investigação
O delegado Kennet Carvalho informou que a investigação começou com o registro de desaparecimento feito pelo próprio Paulo Bianchini, 15 dias após o ocorrido. De acordo com Carvalho, devido às contradições nas declarações dele, como diferentes locais onde disse ter deixado a vítima, a polícia instaurou um inquérito.
Carvalho disse que inicialmente, quatro homens que estavam na fazenda no dia do desaparecimento, três deles funcionários, foram ouvidos, mas todos apresentaram contradições em relação ao caso. O delegado disse que a família da vítima informou que recebeu uma mensagem de Dayara no dia 11 de março, indicando que ela estava em Itumbiara.
A Polícia Civil afirmou que após uma análise das mensagens revelou mudanças bruscas no estilo de escrita de Dayara, sugerindo que o empresário se passava por ela. A equipe relatou que o telefone da jovem foi encontrado descartado em um córrego em Itumbiara.
O delegado contou que a investigação mostrou que o empresário e o funcionário indiciado estiveram em Itumbiara no dia 11, embora inicialmente tivessem dito que estavam na fazenda em Orizona. Carvalho informou que após a prisão dos suspeitos, descobriu-se que Paulo Bianchini operou uma máquina agrícola após a morte da vítima.
Os policiais informaram que buscas na fazenda revelaram o corpo enterrado, e o empresário confessou a ocultação e fraude processual. O funcionário indiciado, cujo nome não foi divulgado, também confessou a participação no crime. A mulher, que não teve a identidade revelada, foi indiciada por usar e descartar o telefone de Dayara.
A Polícia Civil informou que outros funcionários foram induzidos a mentir, mas foram inocentados e solicitou-se o arquivamento do caso em relação a eles.
A ossada da jovem Dayara Talissa Fernandes foi encontrada enterrada a cerca de cinco metros de profundidade, segundo a Polícia Civil. Para retirar o corpo do local, os policiais precisaram usar uma retroescavadeira. Um vídeo mostra o local onde o corpo foi encontrado em uma fazenda em Orizona (assista acima).O corpo estava enrolado em um tecido e, no local, foram encontrados pertences, roupas e documentos da vítima.
Família homenageia vítima
Daniela da Cruz, irmã da vítima, relatou que a família viajou de Mato Grosso a Goiás para prestar homenagens no local onde os ossos foram encontrados, em 6 de julho, em uma fazenda da cidade.Ela contou que, durante a viagem até a fazenda, a família acendeu velas e rezou. “Hoje, dentre todo esse tempo, foi o único dia que vi meu pai chorando. Fomos até onde ela estava, acendemos velas para ela e rezamos um terço”, disse Daniela.”É muito triste, ela estava em um lugar no meio do nada. É desumano”, completou.
Nota da defesa de Paulo Antônio Herberto Bianchini:
Em atenção à imprensa, em virtude de notícias veiculadas sobre o indiciamento do Sr. Paulo Antônio Eruelinton Bianchini em razão da morte da Sra. Dayara Talisssa Fernandes da Cruz, a defesa vem esclarecer que:O Sr. Paulo Antônio é réu primário, tem bons antecedentes, residência fixa, não possuindo em seu passado nenhuma conduta que o desabone. Ademais, não se ocultou às medidas de investigação penal, pois compareceu espontaneamente perante a autoridade policial quando da decretação de sua prisão temporária e colaborou com as investigações, estando à disposição do Poder Judiciário para julgamento.
Por fim, os fatos que circunstanciam a morte da Sra. Dayara Talisssa ainda não foram esclarecidos por completo. Os depoimentos prestados até o momento demonstram uma fatalidade e não são conclusivos para comprovar um possível dolo do indiciado. Não existem imagens que mostrem o momento da morte, e qualquer especulação que transforme o acusado em condenado são levianas e passíveis de responsabilidade cível e criminal.Confiantes no julgamento do Poder Judiciário, estes são os esclarecimentos que entendemos suficientes para o momento.